sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Listas 3

(Sugiro que leia antes os posts "Listas 1" e "Listas 2".)

E eis que o tempo passa, as coisas mudam, e a pilantragem se aperfeiçoa.

Neste mundo cibernético, a coisa funciona assim: alguém liga para a empresa e fala com a primeira pessoa que atender, em geral a própria telefonista que, desculpem, mas obviamente, se fosse mais qualificada não seria a telefonista.
"-- Pode por favor confirmar os dados cadastrais da empresa?" E já apresenta os dados, todos corretíssimos.
"-- Ah, obrigado. Somos uma empresa de lista telefônica digital, e como vamos publicar seus dados sem custo nenhum, precisamos que vocês assinem uma ficha cadastral. Podemos passar por fax, voce mesmo assina e nos devolve?"
E, sim, vem o fax, um papelucho já preenchido em que os únicos dados legíveis são os dados da empresa, e o nome da pobre telefonista. Num cantinho, em letras miúdas, um valor qualquer.

Pois em dois anos a empresa que eu atendo (na área jurídica) já passou por várias fases desse golpe, ora com origem no Rio de Janeiro, ora em São Paulo. Imagino que isso se repita Brasil afora.

Na primeira vez, a incauta telefonista nem piscou: assinou e devolveu o fax. Dias depois, chega o boleto, R$ 2.000,00, com a ameaça de protesto imediato se não fosse pago. Entra o jurídico em campo, com todas as dificuldades, pois tudo tem que ser por telefone, e do outro lado da linha não se sabe quem. Resultado, depois de muito bate boca, o pedido do outro lado foi em torno de R$ 300,00 "para não processar os caloteiros, pois o pedido foi feito pela empresa, temos aqui a assinatura" (bem lembrado, da telefonista).

Mais de um ano depois, e na segunda vez a telefonista, que levou uma bronca mas não aprendeu, pede para um diretor (que não sabia da história anterior) assinar a aparentemente inocente "ficha cadastral". Dias depois, novo boleto -- de outra origem -- acompanhado de um contrato jamais visto onde, voilá, aparece a mesmíssima assinatura daquele diretor que, diga-se, não tem poderes para representar a empresa. Caso de polícia, e vamos pra delegacia. Sim, em Curitiba temos uma delegacia especializada em crimes cibernéticos e, lembrem, trata-se da divulgação da empresa na rede.

O próprio delegado liga para a empresa, e "não doutor, é um engano, doutor, sim doutor, vamos mandar um cancelamento agora mesmo doutor". O cancelamento veio, e ficou por isso mesmo, porque, onde achar os tais pilantras?
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