terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O discurso

Conforme esperado, desde as primeiras horas da manhã de hoje uma multidão se aglomera na gelada capital americana para acompanhar o primeiro discurso de Barack Obama como presidente dos Estados Unidos.

É um momento tradicional, o "discurso inaugural". Todos os 43 antecessores o fizeram, e a partir do segundo, por uma única razão: porque o primeiro, George Washington, fez, em 30 de abril de 1789.

Como tudo, esta questão é estudada a fundo pelas universidades americanas, e há uma receita. O primeiro discurso deve ter quatro metas básicas: reunir o povo depois da "divisão" causada pelas eleições; celebrar os valores americanos; anunciar os rumos da nova administração e jurar fidelidade à Constituição.

Há casos curiosos, como o de William Henry Anderson, um general de 68 anos, que falou por duas horas (exatas 8.445 palavras), desagasalhado e encarando um vento gelado. Morreu menos de dois meses depois, de pneumonia. Washington, por sua vez, detém a marca de discurso mais curto, apenas 135 palavras no início de seu segundo mandato.

Este é o momento de serem proferidas frases de efeito, algumas para entrar para a história, como o "não pergunte o que o seu país pode fazer por você, pergunte o que você pode fazer por seu país", de Kennedy, ou a atualíssima "a única coisa que devemos temer é o próprio medo", dita por Roosevelt em 1933, na Grande Depressão. E, sim, os melhores discursos foram proferidos em tempos de crise, como o de Lincoln na Guerra Civil.

Há, claro, os desastres perante as expectativas, como o republicano Reagan dizendo ao assumir que "o governo não é a solução para nossos problemas". No próximo, o democrata Clinton aproveitou para dizer que o governo não era a solução, nem o problema. "Nós, o povo americano, somos a solução".

No caso de Obama, seu primeiro discurso (confessadamente inspirado em Lincoln e Kennedy) já é histórico antes mesmo de ser proferido, pela própria condição de "primeiro afro-americano presidente" . Pela retórica demonstrada na campanha e pelas atuais circunstâncias da América e do mundo, certamente ele dirá algo mais interessante do que, por exemplo, disseram os Bush, pai e filho, no primeiro e em todos seus demais discursos.

Vamos, pois, aguardar a prática.

(A partir de informações do USA Today).
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