quarta-feira, 12 de novembro de 2008

Pau oco


O Alto da Glória é um bairro interessante de Curitiba.

Ponto de passagem da região norte ao centro da cidade (carros e linhas de ônibus), em poucas quadras concentra um estádio de futebol, um santuário movimentadíssimo, um cemitério e diversas empresas, além de ser uma área residencial importante.

Nos sábados pela manhã há uma feira que fecha uma rua inteira. Sábados e domingos há missas, casamentos, batizados na igreja do Perpétuo Socorro, que nas quartas tem as novenas mais concorridas do Estado, e nas quintas missas o dia inteiro, pois claro que pecadores não faltam.

O trânsito na região, portanto, é naturalmente complicado. E fica terrível quando chove e coincide haver as tais missas, mais um jogo de futebol e eventualmente algum enterro. Não é raro ouvir os fiéis tentando cantar mais alto que o coro mal-educado das torcidas!

Acontece sempre, mas nesses dias mais movimentados a gente vê mais hipócritas, santinhos do pau oco, que passam outra vez o dia na novena em busca da redenção (então, se ainda não a alcançaram, o padre não está fazendo seu trabalho direito, né? Ah, mas se fizer, como fica a coleta?) e saem para pegar seus carrões estacionados em fila dupla, ou então para brigarem e xingarem no trânsito. É, não é à toa que precisem de perpétuo socorro.

Mas essa hipocrisia não é privilégio de católicos. Quadras acima, já no bairro Cabral, construiu-se há pouco um suntuoso templo de outra religião que não atentei ao nome. Reúnem-se aos sábados, e muitos fiéis deixam tranquilamente seus carros estacionados na faixa amarela que marca o lado direito da Rua Prof. Arthur Loyola, no início do que aqui um dia foi batizado de "via rápida". Esses carolas parecem dizer: "Paro onde quero, os outros que se danem, eu serei salvo!" Pois sim.

As autoridades de trânsito, pra variar, fazem vistas grossas.
Devem estar devendo ao Céu (ou ao Inferno?)
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